Na verdade, ontem!
Para mim era certo... se as imagens que vi chegassem aos olhos
de um poeta, sairia uma belíssima obra literária!
A balsa era puro movimento.
Senti, de pronto, que ali a vida pulsava com uma intensidade
especial.
De longe fui atraída até a beira do rio.
Os barcos mostravam-se altivos, posicionados muito próximos à
pista.
O sol a pino.
O calor intenso.
E o som da rádio local.
Eu me aproximei e vi a luz que cintilava sobre as águas
calmas e escuras que desciam para formar o Amazonas.
Meu coração batia fortemente diante daquela paisagem, que para
mim era inusitada.
Imagem que me deixou paralisada, apoiada na sacada do Negro.
Barco que saia, barco que chegava.
Barco grande e voadeira.
Todos compartilhando o mesmo ambiente.
Sim, a balsa...
Nela observava um trânsito que passava de
tudo: tomate, piso e argamassa.
Mandioca, fralda, papel higiênico e liquidificador.
Televisão moderna, rádio antigo e óculos de sol...
Cada coisa!!!!
Cada coisa que ia se instalando em cada canto, em cada
porão... e para cada uma encontrava-se um espaço.
Ah! As pessoas...
Embarcavam por meio de estreitas tábulas de madeira.
Crianças, jovens, adultos e idosos.
E em todas era marcante: as pernas fortes, o equilíbrio, a
precisão e a determinação de cada
movimento executado.
As mães se instalavam!
Acomodavam suas malas.
Acomodavam suas cargas.
Acomodavam suas proles.
Pessoas que fizeram parar, para simplesmente admirar!
Cada gancho de rede começava a ser ocupado na embarcação que
sairia somente as dezoito.
E todos os ganchos já estavam ocupados naquelas, que como
eu, teriam que partir naquele momento.
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